Castanheiras x Restinga: entenda a polêmica

Publicado em: 05 de março de 2018
Texto: Secretaria de Comunicação
Imagem: SECOM
Castanheiras x Restinga: entenda a polêmica

Ao longo dos 47 quilômetros do litoral de Aracruz, espécies diferentes de plantas travam uma disputa à beira mar. De um lado, as históricas e grandiosas castanheiras e, do outro, arbustos e vegetações rasteiras que tentam se regenerar.

Acontece que a Castanheira é considerada uma planta exótica, segundo biólogos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM). Isto é, são plantas que não fazem parte da flora original do local; ou seja, uma planta exótica não é natural do ambiente nativo e, em alguns casos, contribuem no desequilíbrio do ecossistema.

“A castanheira não é uma planta nativa da mata atlântica e, apesar de ter se adaptado bem à região, acaba invadindo lugares que deveriam ocorrer só a Restinga”, explica o secretário de Meio Ambiente, Wagner Carmo.  

A restinga, por sua vez, é um tipo de vegetação nativa do litoral brasileiro e assume a função de manter o equilíbrio do ecossistema praieiro.  Além disso, a vegetação controla o avanço das dunas, evitando que a areia seja levada para ruas e casas e servem de abrigo, proteção e áreas de alimentação para vários animais, como a coruja buraqueira, borboletas e até espécies ameaçadas de extinção, como o Sabiá da Praia e o Guaiamum.

Recuperação da Restinga no litoral de Aracruz


Ao todo 15,5 hectares de restinga serão restaurados no litoral aracruzense, através do plano de compensação ambiental referente às obras de ampliação do Aeroporto Eurico Sales, em Vitória. Catorze comunidades ao longo da orla de Aracruz serão contempladas, como as praias de Barra do Riacho, Barra do Sahy, Putirí, Mar Azul, Praia dos Padres, Coqueiral e Santa Cruz.

As castanheiras, no entanto, podem dificultar o processo de regeneração em alguns pontos da costa de Aracruz. Sendo assim, o projeto prevê a extração dessas árvores, principalmente em locais onde a Restinga está comprometida.

“A castanheira não é adequada para fixação de dunas ou contenção de erosão. Temos vários exemplos na praia onde o mar está cavando por de baixo dela, justamente por que a raiz não tem capacidade de segurar à areia. Outro ponto é a sombra que ela gera, dificultando a regeneração de espécies da restinga que precisam de sol para crescer” concluiu Wagner Carmo.

Diagnóstico
A caracterização das áreas pretendidas para a compensação ambiental foi feita pela Infraero, em projeto de responsabilidade do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), a partir das vistorias de campo e análises de dados, realizadas em conjunto com a SEMAM.

De acordo com o relatório, as áreas situadas na orla de Aracruz encontram-se fortemente alteradas pela interferência da utilização da praia e pela presença de fatores degradantes, como espécies exóticas invasoras, resíduos sólidos (plásticos, pneus e restos de construção civil) e erosão oriunda do mar.

Andamento do projeto

Em dezembro de 2016, compreendendo a importância do projeto para o litoral de Aracruz, o Município concedeu a anuência para o desenvolvimento do mesmo em nossas praias através do Ofício nº 123/2016-SEMAM.

Já em 2017, a atual administração, reconhecendo o apreço que a população sente pelas castanheiras e tomando ciência que o projeto poderia acarretar no corte de alguns exemplares, solicitou ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF) e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), entre outras considerações, que realizassem reuniões com as comunidades a fim de apresentar o projeto e debater quanto ao corte das castanheiras conforme Ofício nº 189/2017 – SEMAM.

No dia 23 de fevereiro, foi realizada na Oficina de Artes do Bairro Coqueiral, uma reunião onde a Infraero apresentou o projeto aos representantes de diversas associações de moradores da orla de Aracruz, entre outras instituições. Na ocasião, foi formada uma comissão composta pelos líderes das instituições presentes e das empresas envolvidas. Essa comissão terá por finalidade discutir junto as comunidades as questões envolvendo o projeto e acompanhar sua execução.

É importante ressaltar que devido à necessidade de supressão de vegetação de restinga para a ampliação do aeroporto, o empreendimento deve obrigatoriamente recompor o dobro da área suprimida em ecossistema da restinga, conforme determina a Política Florestal do Espírito Santo. Portanto, essa compensação não pode ser convertida em obras de engenharia ou saneamento básico.

Compartilhe em suas redes sociais: