Projeto "Papo de Responsa" vai abranger oito escolas da Rede Municipal de Ensino de Aracruz

Publicado em: 01 de abril de 2019
Texto: Secretaria de Comunicação
Imagem: A Secretária de Educação Ilza Rodrigues na companhia dos investigadores da ACADEPOL durante apresentação do projeto "Papo de Responsa"
Projeto "Papo de Responsa" vai abranger oito escolas da Rede Municipal de Ensino de Aracruz

Na manhã da última sexta-feira (29/03), durante reunião realizada no auditório do Polo UAB, os investigadores da ACADEPOL – Academia de Polícia Civil do Espírito Santo - Danielle Leonel, Sônia Márcia e Alessandro Da Vitória apresentaram o Projeto Papo de Responsa a oito diretores da Rede Municipal de Ensino. Os policiais, que compõem o Núcleo de Prevenção – Segurança Cidadã; Juventude, Cultura e Paz, bateram um papo com as diretoras das EMEF´s Placidino Passos, Zilca Nunes Vieira Bermudes, Ezequiel Fraga Rocha, Prof Maria Inês Della Valentina, Luiza Silvina, além do Cmeb Esther Nascimento e das escolas indígenas (EMEFI) Dorvelina Coutinho e Caieiras Velha, sobre esse projeto que foi criado por policiais civis do Rio de Janeiro e adotado no estado capixaba há seis anos. Ele vem para atuar em áreas de maior vulnerabilidade, com a realização de um trabalho de educação social nas escolas públicas.

A Secretária de Educação Ilza Rodrigues agradeceu a oportunidade e falou da importância desse projeto para Aracruz. “Quanto mais instrumentos a gente tiver para trabalhar em defesa de nossas crianças e da prevenção, menos violência teremos nas escolas. Esse projeto é muito importante. Quando a SEMED recebeu o convite da SESP - Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social para conhecê-lo, imediatamente já enviamos nossa equipe a Vitória, pois reconhecimento e informação nunca é demais”, comenta.

Ilza ainda relatou as dificuldades enfrentadas diariamente pelos professores e diretores na educação dos alunos. “Nossos educadores, que estão na ponta dessa lança, ficam muito reféns das situações. Pois cada dia é um fato novo que temos que enfrentar. Como recebo relatórios das secretarias, fico a par da situação e das ameças que eles recebem, e que não são poucas. Já ouvi de tudo, como uma criança de seis anos relatando a mim que já “zombou” de policiais que foram a sua casa cumprir mandado de busca e apreensão por tráfico, e nada encontraram, pois a droga estava escondida sob a cama de seu avô doente”, lembra.

A Policial Civil Danielle Leonel fez uma fala de apresentação aos diretores, abrangendo a atual conjuntura em que as crianças são educadas. “Hoje nossos alunos já estão sendo preparados para serem adultos. Nossos meninos e meninas estão dentro de casa, na maioria das vezes presos em um universo chamado internet, e que eu digo que é a rua da nova geração. E é nessa internet que nós pais perdemos o controle, pois temos o conforto de dizer que estamos cansados do trabalho, e assim deixamos nossos filhos em seus quartos presos nessa realidade. Eles são tão vulneráveis quanto aquelas crianças nascidas em áreas consideradas de risco. Hoje o desejo pelas armas e a sexualidade afloram muito cedo, pois todos só querem ser enxergados, independente de classe social. A criança que não é enxergada em casa é aquele que chega na sala de aula e desrespeita seu professor”, enfatiza.

A falha na educação
Danielle Leonel ainda lembrou que, quando um adolescente desemboca na delegacia, todos os setores falharam em sua educação. “Quando um jovem é preso como uma escória, muita coisa falhou, como as políticas públicas, a segurança, a religião, a saúde e a família. Por isso, com o Papo de Responsa, eu exerço meu direito de permanecer indignada com nossa situação e cheio de coragem, pois isso alimenta uma esperança. Não podemos enxergar a violência como algo natural”, ressalta.

O Papo de Responsa
Após as falas de Danielle, os diretores conheceram as especificidades do projeto que foi apresentado pelo Policial Civil Alessandro Da Vitória. Ele é uma ação educacional não formal que, por meio da palavra e de atividades lúdicas, discute temas diversos como prevenção ao uso de drogas e crimes na internet, além do bullying, direitos humanos, cultura da paz e segurança pública, aproximando os policiais da comunidade e, principalmente, dos adolescentes.

O projeto funciona em três etapas e as temáticas são repassadas pelo órgão que convida o Papo de Responsa, como escolas, igrejas e associações, dependendo da demanda da comunidade. No primeiro ciclo, denominado de “Papo é um Papo”, a equipe introduz o tema e inicia o processo de aproximação com os alunos. Já na segunda etapa, os alunos são os protagonistas e produzem materiais, como músicas, poesias, vídeos e colagens de fotos, mostrando a percepção deles sobre a problemática abordada.

No último processo, o “Papo no Chão”, os alunos e os policiais civis formam uma roda de conversa no chão e trocam ideias relacionadas a frases, questões e músicas direcionadas sempre no tema proposto pela instituição. Por fim, acontece um bate-papo com familiares dos alunos, para que os policiais entendam a percepção deles e também como os adolescentes reagiram diante das novas informações.

Próximas etapas do projeto
Após a apresentação do projeto aos diretores das oito escolas, inicialmente envolvidas, haverá três de ciclos de formações: uma envolvendo a direção de cada escola com os professores, outra com os alunos e, posteriormente com os pais, para que assim todos estejam envolvidos e cientes dos trabalhos a serem realizados entre escola e Polícia Civil.



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