Projeto Papo de Responsa: diretores e professores participam de ciclo de formação

Publicado em: 29 de abril de 2019
Texto: Secretaria de Comunicação
Imagem: Diretores e professores do Ensino Fundamental na companhia dos Investigadores da ACADEPOL – Academia de Polícia Civil do Espírito Santo - Núcleo de Prevenção – Segurança Cidadã; Juventude, Cultura e Paz
Projeto Papo de Responsa: diretores e professores participam de ciclo de formação

Diretores e professores do Ensino Fundamental (alunos do 8º e 9º anos), participaram na manhã e tarde desta última sexta-feira (26/04), no auditório do Polo UAB, do primeiro ciclo de formação do projeto Papo de Responsa. A ação foi conduzida pelos investigadores da ACADEPOL – Academia de Polícia Civil do Espírito Santo - Núcleo de Prevenção – Segurança Cidadã; Juventude, Cultura e Paz, Danielle Leonel e Alessandro Da Vitória.

Esse foi o primeiro encontro dos agentes com os educadores após a apresentação do projeto, realizado no final de março. Na ocasião houve um papo com as escolas envolvidas sobre esse projeto que foi criado por policiais civis do Rio de Janeiro e adotado no estado capixaba há seis anos. Ele vem para atuar em áreas de maior vulnerabilidade, com a realização de um trabalho de educação social nas escolas públicas.

Neste ciclo de formação os agentes buscaram saber como se dá o relacionamento dos alunos com os professores e entre eles mesmos. Os professores, que também serão as referências em cada turma, expuseram suas dificuldades do dia a dia, como a ausência familiar. “Essa relação de parceria entre escola e família é uma temática que tem que ser abordada, pois a escola não funciona sozinha, ela precisa de outra célula, como a família. O acreditar no papel do professor também tem que ser abordado, pois se nossa classe não acreditar em si mesma, isso nos tornará frágeis, o que é muito preocupante”, comenta um dos professores.

Os professores mostraram que, sem essa relação de respeito entre as crianças, não é possível vê-las como alunos, e sim como somente como um cliente a mais, aquilo que dá lucro no final do mês, onde se esquece essa relação de humanização. “Se a gente não cuidar dessas gerações, teremos um cenário de desesperança. Quando estou na minha escola penso no aluno que é cheio de negação de seus direitos, e em quantos ‘não’ eles recebem. Lidar com essas ausências de políticas públicas é a maior dificuldade, onde o aluno deve saber de quais instâncias ele deve buscar para conseguir seus direitos, dando a eles perspectivas de sonhos e de sobrevivência”, enfatiza uma outra professora.

A aproximação com o aluno na busca da autoestima
Um outro ponto destacado pelos educadores, e que contribui com o bem-estar e a motivação dos alunos, é a questão da proximidade, ou seja, não estar com eles somente em salas de aula, mas fora dela também. “Essas crianças precisam de afeto, de carinho. Percebi que comecei a ser mais respeitado depois que eu passei a andar mais com eles nos recreios, jogando bola ou brincando de bolinha de gude. A baixa estima do aluno, aquela que vem quando o professor é colocado como sendo o centro das atenções, acaba o minando”, explica um educador.

Comprovando essa teoria, a Policial Civil Danielle Leonel contou um caso ocorrido em sala de aula na Grande Vitória, onde o professor, com suas declarações, provoca o aluno. “Durante o Papo de Responsa em uma sala de aula, uma das alunas me disse que seu sonho era ser atriz. Nesse instante, a professora, se mostrando pasma, abaixou os óculos olhando para ela e diz: ‘tem muito artista nesta sala’. Percebem porque vocês estão aqui? Não é à toa que a gente conversa sobre isso. Vocês não podem ser atingidos por colegas que não merecem essa cadeira. Estamos aqui para entusiasmá-los”, enfatiza.

Contagiando os alunos
No decorrer da conversa, os agentes do Núcleo de Prevenção – Segurança Cidadã; Juventude, Cultura e Paz pediram aos educadores a compreensão de que contagiar os alunos, é fundamental para o desenvolvimento de sua aprendizagem. “Vocês valem a pena e precisam contagiar cada vez mais quem está próximo de vocês, como o exemplo dado aqui do professor que joga bolinha de gude. Cada um tem seu jeito. Estamos falando da aproximação da pessoa com a pessoa”, diz.

O Papo de Responsa
O projeto é uma ação educacional não formal que, por meio da palavra e de atividades lúdicas, discute temas diversos como prevenção ao uso de drogas e crimes na internet, além do bullying, direitos humanos, cultura da paz e segurança pública, aproximando os policiais da comunidade e, principalmente, dos adolescentes.

Ele funciona em três etapas e as temáticas são repassadas pelo órgão que convida o Papo de Responsa, como escolas, igrejas e associações, dependendo da demanda da comunidade. No primeiro ciclo, denominado de “Papo é um Papo”, a equipe introduz o tema e inicia o processo de aproximação com os alunos. Já na segunda etapa, os alunos são os protagonistas e produzem materiais, como músicas, poesias, vídeos e colagens de fotos, mostrando a percepção deles sobre a problemática abordada.

No último processo, o “Papo no Chão”, os alunos e os policiais civis formam uma roda de conversa no chão e trocam ideias relacionadas a frases, questões e músicas direcionadas sempre no tema proposto pela instituição. Por fim, acontece um bate-papo com familiares dos alunos, para que os policiais entendam a percepção deles e também como os adolescentes reagiram diante das novas informações.


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