Maestro Tuti permanece com seu legado de amor pela arte e a cultura

O tempo mais frio de inverno trouxe na noite desta quarta-feira (15/07) o silêncio da perda de um grande músico para a cidade de Aracruz e o estado do Espírito Santo. Fagner Queiróz Santos, chamado de Tuti, o reconhecido maestro, protetor das bandas marciais, faleceu aos 37 anos vítima de câncer. A morte inesperada e precoce de um dos mais dedicados incentivadores da cultura no município comoveu toda a cidade.
O prefeito Jones Cavaglieri decretou luto oficial em todo o município, pelo período de três dias, a partir desta quinta-feira (16/07), em sinal de pesar pela morte do maestro Tuti. O decreto n.º 38.225, de 16/07/2020 consta na aba de legislação do portal oficial.
Há 16 anos à frente da Banda Marcial Ermentina Leal (BANMEL), de Vila do Riacho, Tuti sempre levou para as crianças, adolescentes e jovens a esperança de um mundo melhor regido pela música. Com 27 anos de músico, sendo 18 anos de atuação como maestro profissional e 16 anos dedicados às atividades musicais e socioculturais na Vila do Riacho, o maestro era admirado pelo talento, a humildade, a empatia e o amor pelas artes.
Seu compromisso e sua dedicação à Banmel marcou a história cultural do município. Criada em 1994, a Banmel atende mais de 80 crianças e jovens com atividades musicais, ensino do patriotismo, civismo e ética cidadã. O grupo possui Pavilhão Nacional (Bandeiras BR, ES e Aracruz), Pavilhão de Honra (escudo da banda e guardas de honra), bombardinos, eufônios, trombones, trompetes, snare (tambor americano), percussão variada, quadriton e bumbos.
O maestro Tuti também coordenava o Grupo Rede da Vila cuja missão é desenvolver ações e atividades preventivas e socioeducativas direcionadas à ressocialização de crianças, adolescentes e jovens da comunidade. O Rede reúne em sua trajetória projetos como a Banmel, Grupo de Capoeira, Banda de Congo, Grupo de Quadrilha “Suvaco da Cobra”, Oficinas de Ballet, Oficinas de Grafite, Oficinas de Artesanato, Oficinas de Educação Ambiental, Blocos de Carnaval de Rua, Banda de Marchinha “Do Seu Queiróz”, Oficinas de Kick Boxing, Oficinas de Jiu-Jitsu, Contação de Estórias, Roda de Conversa com os mais velhos, Grupo de Teatro.
Inspiração
Para o membro da Academia Aracruzense de Letras e do Conselho de Cultura e Turismo, Rogério Sarmenghi, a cidade perde um ícone da cultura local cujo legado atravessa os limites de Aracruz e se espalha por todo o estado.
“O Maestro Tuti é daquelas raras pessoas que tem a magia de amar ao próximo acima de qualquer vaidade. A dedicação dele no projeto social da Banmel sempre foi contagiante. Ele marcou a vida de muitos jovens de Vila do Riacho, principalmente, além de Barra do Riacho e outras localidades. Tuti não só ensinou música e motivou os jovens na difícil arte de tocar instrumentos, mas deu lições de cidadania que as pessoas levarão para sempre em suas vidas e que repercutirão nas próximas gerações”, destaca Rogério.
Quem também acompanhou diversos momentos da vida do maestro foi o saxofonista José Jean Cardoso Lopes. “Tuti era uma inspiração! Grande conhecedor da teoria musical e da cultura municipal. Um guerreiro, um sonhador, uma pessoa focada e obstinada que encarava as dificuldades de frente e sempre encontrava uma solução, um saída para superar os obstáculos”, conta o músico. Segundo Jean, o maestro era ainda um grande educador cuja disciplina estimulava o crescimento pessoal e coletivo do grupo de músicos, postura que aumentava a admiração e o respeito que todos tinham pelo trabalho dele.
“Tuti foi muito importante para a cultura e a música de Aracruz. É uma perda grande. Ele apoiou muito as crianças e jovens desse município. Espero que não deixem seu legado morrer”, declara o mestre Antônio Ramos dos Santos, da Banda de Congo de Vila do Riacho.
Gratidão
O maestro Tuti atuou na coordenação de Patrimônio Artístico e Cultural, dentro da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura (Semtur) de Aracruz. Atualmente, ocupava o cargo de gerente de cultura dentro da administração.
De acordo com a secretária de Turismo e Cultura de Aracruz, Flávia Cândida, além de competente e dedicado servidor à frente da gerência de cultura, o trabalho do maestro trascendia tempo e espaço. “Preocupado com nossas crianças e adolescentes, ele exerceu relevante trabalho social através do ensino da música, que mudou e/ou deu qualidade de vida às famílias e ao meio social em que vivem. Conhecia a fundo nossa história e cultura, estava presente e atuante no meio cultural e em constante interação com grupos e entidades do setor. Tuti tinha sonhos gigantescos! Tivemos a chance em quase um ano e meio de realizar ou iniciar alguns deles”, destaca Flávia.
O prefeito Jones Cavaglieri prestou homenagens ao maestro. “Tuti foi um grande companheiro. Ele era muito esforçado e, mesmo diante das dificuldades, muitas vezes, mesmo sem o apoio financeiro, conseguiu manter viva a tradição de uma banda marcial no município. Esteve presente regendo a Banda Marcial Ermentina Leal em diversos eventos de nossa cidade, levando a alegria, enaltecendo a música e marcando a história de Aracruz. Sempre humilde e disponível, ensinou as nossas crianças e jovens sobre o amor à música, o respeito e o cuidado com o próximo. Tuti teve uma carreira brilhante e deixa um legado único. Nossa gratidão a tudo o que ele fez”, relata o prefeito.
Natural de Conceição da Barra, Fagner Queiróz Santos tocava saxofone, trompete, trombone, percussão, era um multi-instrumentista. Foi regente da Banda Marcial Monsenhor Guilherme Schmitz (Banmogs) e da Banda Marcial de Ibiraçu (Bamibi). O sepultamento aconteceu no Cemitério de Vila do Riacho nesta quinta-feira (16/07). O maestro Tuti deixa mulher e três filhos.
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