Saúde mental: Programa Saúde na Escola destaca o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi)

Publicado em: 26 de agosto de 2025
Texto: Renato Lana de Faria
Imagem: divulgação
Saúde mental: Programa Saúde na Escola destaca o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi)

A Prefeitura de Aracruz, por meio das secretarias de Assistência Social (Semas), Educação (Semed) e Saúde (Semsa), realizou na manhã desta terça-feira (28), no auditório do Ifes, a sétima Reunião Geral do Programa Saúde na Escola (PSE). O evento teve como temas a saúde mental e a atividade física, destacando as atribuições do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), implantado no município há 10 meses, e debatendo estratégias comportamentais diante de situações de crise.

Os assuntos em questão foram apresentados pela psicóloga Thayane Pereira dos Santos, responsável pelo monitoramento do Plano Terapêutico Singular (PTS), e pela pedagoga e responsável pelas oficinas terapêuticas, Eliane dos Santos Coração. Thayane iniciou sua apresentação falando que pelo fato do CAPSi ser um ‘equipamento’ novo em Aracruz, é comum as pessoas terem dúvida quanto às suas atribuições.

“Qual é o perfil desse equipamento e que crianças e adolescentes podem ser atendidos, e quando eles precisam ser encaminhados. Até nós da equipe multiprofissional, quando o CAPSi chegou, tivemos essas dúvidas. Posso dizer que tivemos um benefício, porque quando ele surgiu já havia uma equipe, e por isso ela teve a oportunidade de trabalhar enquanto o equipamento ainda estava sendo formatado, se reunindo em estudos de casos e visitando outros CAPSi do estado. Focamos muito nas diretrizes da saúde mental para podermos nos apoiar no que as portarias dizem, e não no senso comum”, explicou a psicóloga.

O CAPSi atende crianças e adolescentes que apresentam, prioritariamente, intenso sofrimento psíquico decorrente de problemas mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso decorrente de álcool e outras drogas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. Ele é indicado para municípios ou regiões com população acima de 70 mil habitantes. Em Aracruz são atendidas, em média, 100 crianças e adolescentes por dia, totalizando, aproximadamente, 1000 atendimentos desde que foi implantado.

Thayane mostrou que esse ‘equipamento’ objetiva, principalmente, acolher e cuidar de forma humanizada, respeitando as especificidades da infância e adolescência, evitando internações psiquiátricas desnecessárias, oferecendo suporte em ambiente comunitário, promovendo a inclusão social e escolar, além de apoiar as famílias e fortalecer os vínculos familiares e comunitários. “Temos que entender que a internação é a última situação a ser realizada. Somente depois de todos os procedimentos, quando não há mais alternativas, o adolescente é internado. É comum alguns pais solicitarem a internação mesmo sem ele ter sido atendido anteriormente”, ressaltou.

O CAPSi possui um atendimento multidisciplinar, com psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, entre outros, sendo que as atividades terapêuticas podem ser individuais e em grupo, tendo ainda um trabalho em conjunto com escolas, serviços sociais e conselhos tutelares. “Esse atendimento é muito importante porque ele promove o cuidado em liberdade e com dignidade, fortalecendo a rede de proteção à infância e à adolescência, com atuação na prevenção de agravos à saúde mental, construindo um modelo de atenção comunitária, territorial e humanizado”, pontuou Thayane.

Classificação de risco em saúde mental
O público ainda pôde conhecer como se dá a classificação de risco em saúde mental, um recurso de prioridade de atendimento e classificação definido nas cores vermelho (casos gravíssimos), laranja (risco significativo), amarelo (gravidade moderada), verde (potencial para complicações) e azul (condições não agudas ou urgentes).

Dando sequência às apresentações, a pedagoga e responsável pelas oficinas terapêuticas, Eliane dos Santos Coração, debateu o manejo comportamental de crise em pacientes neurodivergentes e as estratégias comportamentais diante de situações de crise. Ela mostrou que, mesmo diante das dificuldades, é necessário manter a calma e oferecer acolhimento, com empatia e segurança.

“Nosso tom de voz deve ser baixo e firme, ajudando a conter a agitação. Também temos que evitar julgamentos, ordens rígidas ou enfrentamentos diretos. Também precisamos garantir um ambiente seguro com a retirada de objetos perigosos, e conduzir o paciente a um local mais calmo, tudo isso reduzindo estímulos visuais e sonoros”, explicou.

A pedagoga, que já atuou como professora e diretora, mostrou algumas estratégias comportamentais e aplicação de técnicas de regulação emocional e de respiração guiada. “Vamos respirar juntos. Inspire pelo nariz, segure e solte pela boca”, disse. Ela também mostrou técnicas simples de exercícios de ancoragem, pedindo para a criança olhar ao seu redor, dizendo três coisas que ela vê, ouve e uma que sente.

Outras estratégias dizem respeito à utilização da comunicação clara e objetiva, envolvendo a família, com um plano de manejo individualizado. “Precisamos ter um plano prévio para lidar com crises recorrentes, para isso é necessário conhecer o paciente, seu diagnóstico e os gatilhos para contornar a situação. Os profissionais da saúde devem ajudar o paciente a compreender o que aconteceu, desenvolvendo habilidades de enfrentamento para futuras crises, além de registrar os episódios”, pontuou.

Os transtornos
Aos presentes foram apresentados os tipos de transtornos, como o do espectro autista (TEA), que tem como característica crise sensorial e o comportamento repetitivo extremo; o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), com agitação motora intensa / explosão emocional; a deficiência intelectual (DI), com frustração por não compreender atividade; o transtorno opositor desafiador (TOD), com isolamento ou retraimento, e as altas habilidades (AH) e superdotação (SD) com a recusa aberta à reação agressiva a regras.

Ao final, os profissionais da assistência social, educação e saúde participaram de um jogo de perguntas e respostas sobre os temas abordados, ganhando prêmios. Também participaram de um momento de atividades de ioga com a professora de educação física da Semesp, e de ioga, circuito funcional e natação, Nadja Angra Barbosa Godoi. Também foram apresentados os projetos de atividades físicas oferecidas pela secretaria para o público de seis a 17 anos.

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