Na noite da última sexta-feira (23/02), aconteceu uma reunião na Oficina de Artes em Coqueiral com moradores da orla aracruzense sobre a compensação ambiental da restinga, devido a construção do novo aeroporto de Vitória. Essa reunião é parte do cumprimento de PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas), uma condicionante da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

Estiveram presentes o Secretário de Meio Ambiente Wagner Carmo e equipe, representantes da Associação Movimento Empresarial Aracruz e Região (AMEAR), Conselho Popular de Aracruz (CONSPAR), CDL, Sindicato de Lojistas de Aracruz, ICMBio, Infraero, além de moradores de Barra do Sahy, Putiri, Coqueiral, Mar Azul, Santa Cruz e Praia do Sauê.

O secretário Wagner deu as boas vindas a todos e explicou o motivo dessa reunião. “É uma alegria ter todos vocês aqui hoje, pois nós entendemos que não se faz meio ambiente e não se constrói cidadania sem informação e participação. Nossa intenção é travarmos um diálogo sócio/ambiental/turístico que seja capaz de contemplar os últimos interesses que nossa comunidade da orla possui”, diz.

Ainda de acordo com o secretário, a reunião veio para prestar informações quanto ao projeto de compensação ambiental do novo aeroporto de Vitória. “Estamos falando de uma compensação ambiental que não é igual a nenhuma outra, que por ventura, já aconteceu na nossa cidade. Não podemos confundir esse projeto que será discutido aqui hoje, com o projeto da IMETAME, por exemplo”, ressalta.

Wagner explicou que esse projeto em questão está diretamente ligado às restingas da orla de Aracruz. Por meio de um telão mostrou um ofício (377) que foi enviado pela SEMAM no dia 16/11/16 anuindo a recuperação de área de restinga na orla de Aracruz, conforme plano de compensação ambiental, aprovado pelo IDAF no mesmo ano, para viabilizar a obra do aeroporto.

“Informamos que a SEMAM concedeu deferida essa anuência, que é a aprovação e o consentimento do nosso município. Por isso é necessário que o município faça essa interlocução e seja colaborativo neste debate”, explica.

Supressão das castanheiras
Diante dessa anuência, a atual gestão solicitou que a Infraero realizasse reuniões com as comunidades que irão receber essa compensação, a fim de explicar sobre o projeto, dando ênfase na eventual necessidade de supressão das castanheiras.

Após a fala de Wagner, o Analista Ambiental do ICMBio, Roberto Zanin, fez uma grande explanação sobre a importância da restinga na estabilidade da orla. Para isso foram mostradas fotografias de erosão em várias praias do estado capixaba, ocorridas pela ação do homem, como a construção de estradas e imóveis, e pela ação das castanheiras, espécie exótica que prejudica a restinga, e da criação de uma comissão de acompanhamento.

Na sequência o Gerente de Engenharia Giuliano Capucho, responsável pela construção do novo aeroporto, com previsão de ser inaugurado no fim de março, explicou porque Aracruz foi uma das cidades capixabas a ser escolhida como área de compensação. “Com a construção desse aeroporto, foi suprimida uma área de 44,3 hectares de restinga, que é amparada por uma lei de proteção ambiental, que diz que para cada metro quadrado de área degradada, deve-se compensar o dobro”, comenta.

Giuliano Capucho explicou porque Aracruz foi uma das cidades escolhidas como área de compensação. “Para compensar uma área degradada, devemos seguir a mesma caraterística fitossociológica. Além disso, fomos muito bem recebidos aqui tanto pela administração, quanto pelo ICMBio, com uma boa parceria e seriedade, que nos abriram as portas e apoiaram o projeto”, explica

Benefícios
Em Aracruz será compensada uma área de 15,5 hectares, compreendendo áreas que abrangem Praia Formosa, Santa Cruz, Coqueiral, Praia dos Padres, Mar Azul, Putiri, Barra do Sahy e Barra do Riacho. “Serão vários os benefícios técnicos e sociais oferecidos ao município com essa compensação ambiental. Trabalharemos com cercamento, limpeza, recuperação e enriquecimento dessa vegetação, que evitará o avanço do mar e a erosão”.

Para tal, foi explicado que as comunidades serão os olhos para que toda decisão possa ser tomada de forma certa, com a criação de comissões em cada praia, para que todos possam ser ouvidos e dar sugestões. Após as falas das autoridades foi a vez do público presente fazer suas perguntas, tirar dúvidas e dar sugestões. Também ficou acordado que outras reuniões serão marcadas em cada localidade que receberá a compensação.