Moqueca capixaba
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De sabor inigualável, aparência sem igual e única entre os pratos da culinária brasileira, a Moqueca Capixaba, de leveza quase que insustentável, alcança agora o terceiro lugar entre as 8 Maravilhas de Vitória (eleição promovida pela Rádio CBN Vitória e o portal Gazeta On Line). Não há quem não se renda ao gosto peculiar de uma das iguarias mais famosas do Brasil.
A vizinha Bahia, dizem os defensores do prato capixaba, bem que tentou emplacar o cozido de peixe regado a leite de coco e azeite de dendê. O preparado similar não deu tão certo quanto o feito no Espírito Santo. Afinal, “Moqueca só capixaba! O resto é peixada”, sentenciou o jornalista Cacau Monjardim, autor do livro Segredos da Cozinha Capixaba, de 1974.
Não existe segredo para essa mistura de ingredientes e condimentos tão particulares. É só acrescentar postas de peixe limpas com caldo de limão e temperadas apenas com sal, tomates frescos, cortados em cubos ou rodelas, cebola picada, coentro, alho socado e, claro, a tintura de urucum, do tupi uru-ku, palavra, como muitas do dialeto típico do capixaba derivada das tribos indígenas que habitavam o Espírito Santo. As sementes, quando aquecidas com azeite, soltam uma cor avermelhada que dá o tom correto e um sabor especial a Moqueca Capixaba.
Arrume tudo em uma panela de barro. Além de dar um charme a mais, muita gente acredita que o sabor é completamente diferente daquela feita em um recipiente de alumínio. O tempo de cozimento é rápido e não precisa de fogo alto. Também não precisa fritar o peixe antes e muito menos ficar mexendo tudo na panela. Aproveite para sentir o aroma quando levantar fervura. Aí, é só deixar mais um tempinho no fogo e pronto, ensina a historiadora e ex-diretora do Clube da Moqueca Amiga, Leonor de Araújo Santanna, atualmente morando em Brasília e morrendo de saudades do prato.
“E um prato que tem sabor, sensação e cheiro. Quando chega à mesa fervendo a primeira coisa que chama a atenção dos sentidos é o cheiro do prato e que em alguns pratos não se sente isso com tanta propriedade quanto na nossa moqueca. E tem mais uma coisinha, os capixabas só trabalham com ingredientes que valorizam o sabor do prato. Então, a gente não pode fazer o prato com peixes de menor qualidade. Só podemos fazer com peixes nobres”, saliente Leonor Santanna.
Já estão com água na boca? Então esperem um pouco mais para ver a onde tudo isso vai te levar. Certamente ao paraíso, desde que não caia em um dos sete pecados capitais: a gula. É difícil não entrar em tentação. Afinal, muitos acabam não resistindo a esse maravilhoso manjar dos deuses, principalmente quando acompanhado de arroz branco e pirão.
Isso mesmo! Pirão bem quentinho, feito de caldo da moqueca, com peixe desfiado, farinha de mandioca e de textura ímpar. Na moqueca capixaba só entra peixe. Mas as variações também são muitíssimo apreciadas: com camarões pequenos, médios ou grandes. Essa diversidade confere apenas mais um detalhe a esse prato capaz de agregar história, cultura e boa conversa.
A professora Leonor de Araujo, conta que o tradicional prato da culinária capixaba reúne, numa tradição de mais de 400 anos, as culturas índia, negra e portuguesa. O ato do fazer e do saborear, lembra a historiadora, vai além da simples questão gastronômica. “ Não se faz moqueca semm panela de barro, nosso artesanato mais tradicional, mais antigo e mais típico”, conta Leonor.
A moqueca capixaba, conta a historiadora representa as três maiores etnias que forjaram a população capixaba. “A panela, o peixe e o urucum representam a etnia indígena. O limão e o azeite São uma incorporação portuguesa e a cebola, o tomate e o coentro são contribuições dos africanos”, explica a professora Leonor de Araujo.
Isso mostra que, em terras capixabas, ensina a amante da boa mesa, o criador conspirou para que as culturas que formaram nossa gente, se juntassem inspiradas e produzissem essa maravilha de prato que é a moqueca capixaba."
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