Os desafios na implantação do Plano de Desenvolvimento do Estado ES-2025 foram esclarecidos de forma didática nas palestras de ontem (20), em mesa redonda presidida pelo Prefeito de Aracruz, Ademar Devens, às 14h no Centro de Convenções em Vitória. O evento fez parte do seminário “4º Gestão das Cidades”, que aconteceu nos dias 19 e 20 desse mês. O economista Cláudio Porto e o Secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (SEDURB), Paulo Ruy, discutiram as técnicas para sair da teoria e colocar o plano de desenvolvimento em prática. Nas palestras em seguida, o Secretário de Estado da Agricultura, César Colnago, e a Secretária de Estado do Meio Ambiente, Maria da Glória Abaurre, abordaram sobre agricultura sustentável e Gestão Ambiental.

O prefeito Ademar Devens abriu a mesa redonda explicando que desenvolvimento é um assunto bem mais complexo do que se parece. De acordo com o prefeito, o progresso de um município é mérito de uma boa gestão, já que os problemas são constantes. “Eu me recordo que no período de transição de mandato, tudo era festa, mas depois tomamos consciência dos problemas existentes no país, nos estados e que refletem nos municípios. Para dar continuidade e tornar efetivo um plano de desenvolvimento, o gestor precisa ficar calmo e ouvir mais do que falar. A humildade é necessária na administração pública, e a esperteza também. Sempre fiquem atentos antes de aceitarem ofertas boas demais e grandiosas, pois as vantagens podem ser facilmente abafadas pelas futuras conseqüências. Jamais troquem um favor pelo seu município por uma irregularidade, mesmo que pequena”, orientou Devens.

Depois da apresentação dos palestrantes, o economista (e fundador da Macroplan) listou os cenários da gestão pública que podem realizar boas práticas para auxiliar a administração nos atuais tempos turbulentos. Porto mostrou uma interpretação própria do papel do Estado na ajuda dos municípios e indicou expectativas para o futuro do ES no ano 2025. “Uma das principais previsões para o ES é que ele será o primeiro do país a erradicar a pobreza. O investimento em capital humano e o trabalho baseado em desenvolvimento econômico com agregação de valor também vão contribuir para atingir a meta de pobreza e indigência zero”, explicou. O economista elogiou a responsabilidade do gestor público que consegue atrair investimentos e gerenciar as necessidades da população, pois o líder do executivo é sempre o profissional mais cobrado. “O ente público que mais realiza investimentos é o município, que investe entre 40% e 45% do total no país. É claro que aí entram alguns repasses federais e estaduais, mas é o município o grande enfrentador das demandas da população. Se algum problema acontece, ninguém vai reclamar com Lula antes, ou com Paulo Hartung. É sempre do prefeito que o cidadão cobra primeiro”, detalhou Porto.

O economista ainda explicou mais sobre as dificuldades de uma gestão municipal, que tem objetivo de preparar o cenário para efetivar o plano ES-2025. “Existem riscos freqüentes a serem enfrentados na administração, mas para evitar esses problemas é preciso implantar um novo modelo que produza mais resultados com menor quantidade de gasto e mais qualidade. É fundamental ter uma agenda de prioridades com visão de longo prazo, é preciso equilíbrio nas contas, sistemas de avaliação de desempenho com metas dos funcionários, é fundamental que se acabe com o amadorismo nas secretarias, ou seja, o município precisa de profissionais da área, principalmente na saúde, fazenda e administração. Por fim, é extremamente importante que se faça parcerias com empresas privadas”, listou o palestrante.

O secretário da SEDURB explanou sobre o mesmo assunto, na ótica da execução. Paulo Ruy explicou como é feito o trabalho no Governo do Estado, para que o ES fique apto a executar o ES-2025.

Agricultura e meio ambiente

Nas palestras em seguida, o secretário de estado de Agricultura, César Colnago, e a secretária de estado de Meio Ambiente, Maria da Glória Abaurre, falaram sobre a importância das parcerias entre os municípios para melhoria da agricultura como um todo, para descentralizar o desenvolvimento e atingir a todos os municípios em geral, além do apoio ao desenvolvimento sustentável que beneficia o meio ambiente e diminui os danos causados pelos principais problemas, que são as áreas degradadas e os mananciais assoreados.

Colnago abordou sobre a necessidade de reverter a escassez de recursos com tecnologia de uso responsável. “Esse negócio de ‘me dá uma patrol’ acaba cavando o leito do rio e causando uma erosão. Aí, só tem um lugar para toda essa terra, que são os rios e assoreia tudo. Isso tem que ser revertido e para isso, precisamos de técnicas e planejamento”, disse o secretário.

A secretária Maria da Glória Abaurre alertou os municípios sobre o crescimento no volume de licenciamento ambiental e elogiou Aracruz quanto à iniciativa no processo. “É cada vez mais necessário que os municípios assumam a Gestão Ambiental plena. No Estado, somente cinco municípios tomaram a iniciativa e Aracruz é um deles, inclusive já pediram para que o conselho próprio licencie obras de médio e grande impacto. É bom saber que a população está se conscientizando, visto o aumento no número de denúncias, mas são muitas e o IEMA atua cada vez mais de forma supletiva. O município tem que fazer a sua parte”, orientou a secretária.

Depois do momento de perguntas, o mediador da mesa redonda, Ademar Devens, agradeceu o convite e revelou que quatro anos de mandato foram poucos para fazer o que era necessário e mesmo assim o município de Aracruz cresceu. “Fizemos um planejamento de evolução a longo prazo, para os próximos dez anos, começando com Orçamento Participativo, Geoprocessamento e Georreferenciamento, revisão da Planta Genérica e Plano Diretor Municipal. Agora Aracruz está pronta para caminhar”, revelou o prefeito. Durante o evento no Centro de Convenções de Vitória passaram cerca de 60 prefeitos e 14 vices, entre atuais e eleitos.